O filósofo e historiador francês Françoise Marie Arouet, ou como ficou conhecido por todos, Voltaire, disse certa vez nos idos do século XVIII: “Todo homem é culpado do bem que não fez”.
Uma frase simples, aparentemente óbvia, mas que guarda em si uma possibilidade de reflexão. Não fazer o bem nos traz culpa? Que ótimo isto, não?
Seguimos por vezes pela vida olhando para nosso próprio umbigo e perdendo a chance de olhar o outro e conseqüentemente, algum bem fazer. Na maioria das vezes, utilizamos gestos de bondade na intenção da retribuição sem pensar na possibilidade de fazer o bem incondicionalmente.
Isto, pois, o dia a dia, as pressões, os compromissos, o stress, as decepções, dúvidas e angústias que vão se acumulando por vezes, nos vai deixando distantes do outro, seja que outro este for.
Pensemos nas crianças... que “do nada” vira e mexe se penduram em nós para nos dar um beijo, nos presenteiam com objetos simples, nos oferecem um sorriso largo sem pedir nada em troca. É uma grande conquista para elas quando são capazes de oferecer algo de bom aos adultos.
Machado de Assis já dizia que a gratidão de quem recebe um bem é menor do que o prazer de quem o faz. E tem razão nosso escritor maior. Esta alegria das crianças as alimenta e deveríamos nos espelhar nelas para deixar brotar em nós, esta capacidade de oferecermos nosso melhor ao outro, sem pensar em reciprocidade, em investimento a curto ou ao longo prazo, mas simplesmente, pelo prazer de oferecer um sorriso, um abraço, um carinho.
Pensemos um pouco no outro e não percamos as chances que surgem de fazer algo de bom, nem que seja para benefício de nossa própria saúde, pois a energia do agradecimento e contentamento do outro é uma bela dose de revitalização para nossa alma.